quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Curso para leigos e leigas supera expectativa já no primeiro dia

Entusiasmada em valorizar o papel do leigo, a Paróquia do Rosário e São Benedito, numa parceria com o Sedac (Faculdade Católica de Mato Grosso), iniciou na segunda-feira (23), o curso de extensão intitulado "Nas Pegadas de Jesus", que vai tratar durante uma carga horária de 12 horas, dos documentos 105 e 107 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
 Participam do curso, na sede da Paróquia, 120 inscritos de 23 comunidades. A primeira aula foi sobre o conteúdo do Documento 105 da CNBB,  "Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade – Sal da Terra e Luz do Mundo", ministrada pelo padre Wagner. O documento foi aprovado pelos bispos do Brasil durante a 54ª Assembleia Geral da CNBB, em abril do ano passado, em Aparecida (SP), e coloca os cristãos leigos e leigas como verdadeiros sujeitos eclesiais.
 "São Igreja de fato", disse o padre Wagner. "É preciso compreender a  vocação e missão de atuar nas diferentes realidades em que vivemos: na sociedade, no trabalho, na família", pontuou. "Temos que entender que como membro do corpo eclesial, pois no batismo somos incorporados a Cristo, nós somos Igreja todo dia, fazemos isso porque é parte da nossa vocação", disse.
 Conforme o padre, na prática, o documento busca uma compreensão dos padres de acolherem os leigos como sujeitos eclesiais, e dos leigos de entenderem o seu serviço como membros ativos da Igreja, não porque prestam um serviço suplementar. "O documento quer colocar as coisas nos seus devidos lugares: que todos os sujeitos eclesiais, seja padre, bispo, religioso, religiosa, diáconos consagrados, e, em especial leigos e leigas, atuem conscientemente no corpo eclesial".
 A discussão a respeito do papel do leigo não é novidade, mas vem desde o Concílio Vaticano II, explicou o padre. "O que precisava era de algo que fomentasse uma estrutura para trazer maior discussão entre os leigos e a hierarquia da Igreja".
 Por isso, ele diz que o debate que o curso traz sobre o documento é essencial para juntar clero e leigos, não como entidades opostas, mas na busca do mesmo ideal. "É importante os leigos se verem como sujeitos da ação. Nós estávamos acostumados a ver os leigos como destinatários deste trabalho e na verdade eles fazem acontecer a evangelização".
 Segundo ele, o Concílio Vaticano II superou a visão em pirâmide da Igreja: primeiro papa, segundo bispos e cardeais, terceiro clero e por último leigos. "A Igreja é Povo de Deus, comunidade de batizados. O foco não é mais a hierarquia, e sim, os ministérios, serviços. O leigo é sujeito da ação eclesial na própria Igreja e na sociedade".
 Padre Wagner ainda faz um alerta: o Documento 105 da CNBB não pode ser engavetado pelo clero, é preciso colocá-lo nas mãos e na consciência dos leigos.
 "Ser sujeito eclesial significa ser maduro na fé, testemunhar o amor à Igreja, servir os irmãos e irmãos, permanecer no seguimento de Jesus, na escuta obediente à inspiração do Espírito Santo e ter coragem, criatividade e ousadia, para dar testemunho de Cristo", consta no texto. 
 O Documento 105 segue a metodologia Ver, Julgar e Agir e divide-se em três capítulos. O primeiro apresenta o marco histórico-eclesial da caminhada da vida dos cristãos leigos e leigas. O segundo trata da compreensão da identidade e da dignidade laical como sujeito eclesial e identifica a atuação dos leigos, considerando a diversidade de carismas, serviços e ministérios na Igreja.
 Já o terceiro e último capítulo aborda a dimensão missionária da Igreja e indica aspectos, princípios e critérios de formação do laicato. Esta parte aponta ainda lugares específicos da ação dos leigos.