Neste
mês de Março, o Papa Francisco propõe como desafio e oração para a Igreja a
urgência do discernimento pessoal e comunitário. De uma forma geral, podemos
definir o discernimento como a busca orante da vontade de Deus, neste caso,
para a vida cristã e o agir das comunidades. O ponto de partida de qualquer
discernimento é uma atitude espiritual de querer, acima de tudo, aquilo que
Deus quer, respondendo às circunstâncias e oportunidades do tempo presente.
Isto exige abertura e liberdade interior, para não ficar preso ao passado,
àquilo que sempre se fez de determinada forma, mas estar em sintonia com o
Espírito, olhando o futuro com esperança. Implica olhar os acontecimentos como
modos que Deus tem de comunicar algo e escutar, a partir deles, os apelos que
são feitos. Avaliar o que se fez, agradecendo o bem conseguido, dar conta do
que há a mudar, do que já não resulta ou se cristalizou no tempo. O passo
seguinte é partilhar com alguém, ou em grupo, os frutos deste tempo de
avaliação, o que mais tocou, aquilo que se moveu no coração de cada um: os
sentimentos que surgiram, as inspirações e ideias para o futuro. A pergunta
decisiva é: a partir daquilo que observo e sinto, qual será o caminho que Deus
me está a propor? Cada tempo tem os seus desafios e devemos sentir-nos
continuamente chamados a corresponder-lhes com generosidade e criatividade.
Nesse sentido, é essencial promover na vida cristã e na vida das instituições
eclesiais estas oportunidades de oração, conversação espiritual e trabalho em
comum, numa verdadeira experiência de abrir a ação da Igreja ao sopro do
Espírito.
Intenção
Pela evangelização: Formação para o
discernimento espiritual Para que toda a Igreja reconheça a urgência da
formação para o discernimento espiritual, a nível pessoal e comunitário.
Oração
Pai de bondade, envia sobre cada um
de nós o teu Espírito Santo, Espírito de inteligência e sabedoria, que nos
ajuda a olhar o presente com gratidão e o futuro com esperança. Ajuda-nos a
libertarmo-nos do desânimo e de todo o tipo de resistências, abrindo-nos com
coragem e criatividade ao que a Igreja e o mundo mais precisam. Faz crescer em
nós o gosto e o desejo do discernimento, para que as nossas comunidades possa ser
lugares de partilha e diálogo, testemunhas da tua caridade e capazes de
responder com generosidade àquilo que nos pedes em cada momento. Pai-Nosso...
Desafios
Procurar, ao longo deste mês, rezar
os acontecimentos do presente, a nível pessoal e da própria comunidade, e
discernir neles os modos como Deus quer falar: agradecer aquilo que corre bem,
que dá frutos... Avaliar aquilo que se sente ser necessário mudar... Pedir a
graça da liberdade interior, questionando sem receio alguns tipos de afirmações
que podem bloquear um verdadeiro processo de discernimento, tais como: “sempre
se fez assim” ou “já não vale a pena”. Organizar, na própria comunidade ou
instituição, um momento de oração e partilha sobre o que o discernimento pode
trazer de ideias para a ação apostólica no futuro. Que passos concretos podem
ser dados e que continuidade se pode dar a estes processos?