UM POUCO DE NOSSA HISTÓRIA


Nossa paróquia tem uma história bonita. Nasceu da vontade de um Arcebispo visionário. Um homem das entranhas de nossa cidade, de Cuiabá: Dom Francisco de Aquino CorrêaEle, como Jesus, o “Bom Samaritano”, viu o sofrimento de nosso povo. Numa época em que as pessoas estavam fugindo da guerra na Europa (2ª Guerra Mundial) e vinham para o Brasil para aqui viver, foi feita uma ponte de concreto sobre o Rio Cuiabá. O programa de nosso governo era a Marcha para Oeste, integrar para não entregar os territórios indígenas do Centro-Oeste. Assim foram deslocadas por nossos governos grandes levas de população do Sul para estas regiões com promessas de terra devoluta. Aqui chegando encontraram-se com os povos originários com modos de vida muito diferentes, por isso foram chamados de preguiçosos. Esses encontros conflitivos fizeram tombar muitas famílias de ambos os lados, mas, pelo poder de fogo dos que estavam chegando, mais dramáticas eram as baixas entres os povos originários.
Diante desse quadro é que Dom Aquino lembrou dos jesuítas. O Arcebispo havia estudado com os jesuítas em Roma e conhecia a história do Brasil estreitamente vinculado às Missões indígenas de Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e Antônio Vieira. O Pe. José de Anchieta morreu em Missão, numa aldeia indígena no interior do Espírito Santo, hoje a cidade de Anchieta. Como a decisão dos jesuítas foi enterrá-lo na cidade de Vitória, onde havia cemitério jesuíta, os indígenas empreenderam uma viagem de cerca de 100 quilômetros levando seu corpo numa maca. Imaginemos como eram esses acessos há quase quinhentos anos atrás!
Movido por amor ao povo e, entre eles os mais sofridos, Dom Aquino, salesiano como o nosso atual Arcebispo Dom Milton, chamou os jesuítas para essa região e para tornar a vinda dos jesuítas possível, ofereceu uma paróquia para apoiar a vinda, a permanência e o trabalho dos jesuítas na região de Diamantino a partir da capital. Assim a Paróquia Nossa Senhora do Rosário e São Benedito foi fundada há 70 anos atrás e sua forma de atuar nestes anos sempre esteve profundamente conectada à Missão junto aos povos originários. Era nela que ecoavam os massacres e sofrimentos dos indígenas e pobres migrantes. E os jesuítas não foram imunes aos sofrimentos e lutas do povo. Esta sensibilidade fez com que a Paróquia tivesse conexão com praticamente todas as pastorais e ali se encontravam para suas articulações porque ali tinham abrigo, mesmo durante o Regime Militar. E os cristãos eram formados engajados nas lutas sociais da sociedade mais geral. Adiante veremos quantos já trabalharam na paróquia, mas o martírio do Padre João Bosco Burnier e do Irmão Vicente Cañas nestas terras têm a ver com a opção que fizeram de estar com os que eram mortos em vista de um desenvolvimento atroz. Os missionários jesuítas e índios que passavam por Cuiabá ali na Paróquia tinham acolhida.
O nosso Papa Francisco, no mês de julho de 2016, dedica as intenções do Apostolado da Oração aos Povos originários: INTENÇÃO UNIVERSAL, respeito pelos povos indígenas: Para que os povos indígenas, ameaçados na sua identidade e existência, sejam respeitados. E, com isso, a missão de ontem que, pelas circunstâncias da violência no campo, invasão das terras dos povos originários, ainda continua sendo atual.
Legado do passado
 A Paróquia N. Sra. do Rosário e São Benedito herdou duas igrejas ligadas à formação de Cuiabá, ambas com a denominação de Nossa Senhora do Rosário, a do Distrito de Coxipó do Ouro e a da atual sede paroquial. A Ata de fundação de Cuiabá data de 8 de abril de 1719, escrita em Forquilha e a capela do lugar tinha por orago Nossa Senhora da Penha de França. Os nomes foram mudados para Coxipó do Ouro e o orago passou a Nossa Senhora do Rosário. No lugar da sede paroquial foi construída uma capela precisamente ao lado do Tanque do Arnesto, centro das Lavras Miguel Sutil, berço da cidade de Cuiabá. Por ocasião de um segundo aumento, foi construída a capela de São Benedito, a direita de quem entra na igreja, por volta de 1760. A arte barroca permanece até os dias de hoje.
Por testemunhar o local preciso do nascimento da cidade de Cuiabá e por ser a única em Cuiabá setecentista, ostentando a arte barroca, tornou-se Memorial Histórico e Artístico. Devido ao estilo barroco, é de interesse internacional. Razões porque foi tombada a título único pelo IPHAN no dia 04 de dezembro de 1975, e, pela Fundação Cultural de Mato Grosso (hoje Secretaria da Cultura) no dia 28 de outubro de 1987.
Pelo simples fato de existir, evoca os primeiros anos de formação e história do Mato Grosso, Rondônia e Mato Grosso do Sul, assim como o catolicismo do Regime do Padroado e o poder das Irmandades, mas também nos convoca a rezar por tantos índios e negros que foram escravizados nestes primeiros tempos da invasão dos bandeirantes nestas terras.

Criação da paróquia
A criação da paróquia está ligada à história da Prelazia de Diamantino.  A partir da proposta de Dom Francisco de Aquino Corrêa os jesuítas assumiram a Prelazia de Diamantino por seção do território destacado da Arquidiocese de Cuiabá. Por ocasião da reestruturação das paróquias da Arquidiocese, no dia 24 de maio de 1945, Dom Aquino criou a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Cuiabá, confiando-a aos jesuítas. No entanto, o primeiro pároco só pôde tomar posse em 1948.
Casa Canônica dos Jesuítas
Os jesuítas primeiro ocuparam a atual casa das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, na rua São Benedito nº 145 (atrás da igreja). Esta foi vendida esta casa às Irmãzinhas que trabalhavam com os jesuítas na Missão Indígena e também precisavam um entreposto em Cuiabá. Num período de transição, moraram num cômodo cedido pelo Sr. Benedito, ainda na Praça do Rosário, enquanto foi construída a Casa Paroquial com dois andares junto à Cozinha de São Benedito. Em 1980 alguns párocos e vigários passaram a morar em casa comunitária própria dos jesuítas no endereço atual, Rua Padre Remeter, 108, bairro Baú. Outros continuaram morando na Casa Canônica junto da Igreja do Rosário e São Benedito.
Identidade da Paróquia confiada aos Jesuítas
As Paróquias conduzidas pelos jesuítas possuem identidade própria, são marcadamente igrejas que atuam com uma fé discernida, na qual todos os aspectos da vida humana dizem respeito aos fiéis. Como eram as primeiras comunidades de Atos 1,12-26. A sede paroquial é uma Comunidade entre as demais Comunidades de fé em Jesus Cristo e no seu Reino: fraternas, missionárias, solidárias, elegendo como preferencial a pastoral dos pobres.
Fases históricas da Paróquia
De 1848 a 1973:  pastoral tradicional tridentina; crescimento populacional lento; casa canônica de dois andares; agremiações leigas; Escola São Benedito (sob a direção das Irmãzinhas da Imaculada Conceição).
De1974 a 1979: crescimento explosivo por causa das muitas migrações e as ocupações irregulares dos migrantes que não tinham dinheiro, aconteceram nos espaços sob jurisdição da Paróquia, pois ali o povo encontrava guarida; atendimento assistencial às comunidades nascentes, na maioria pobres; declínio das agremiações tradicionais.
De 1980 a 1994: reestruturação do governo paroquial (criação do CPP, leigos na administração, criação da secretaria); desenvolvimento festivo da devoção a São Benedito (construção atrás da igreja, festejos no adro da igreja da sede); pastoral social de cunho estrutural; a casa canônica continuava atrás da igreja do Rosário e ali eram atendidos os assuntos da Paróquia. A vida comunitária dos jesuítas passou gradativamente para a Rua Padre Remeter.
De 1995 a 2000: governo colegiado das comunidades; missões populares; dilatação do tempo de batizados (em etapas); catequese; aquisição de chácara com acesso ao rio Coxipó na Estrada de Ferro, para fins pastorais.

De 2001 a 2015: aprendizado de interação Paróquia/Festeiros; restauração da igreja matriz (2003-2006).
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